O Ibovespa fechou em queda, mas ficou longe da mínima após
reduzir perdas com a força de Petrobras e Vale, que ganharam força do bom
desempenho das commodities. Contudo, agosto acabou ficando mesmo o pior mês do
ano, em uma queda de 8,3% por conta do pânico pela China e das preocupações com
as contas públicas. O dado do Orçamento ficou em R$ 30,5 bilhões de déficit
para o ano que vem. Com isso, o benchmark da Bolsa brasileira caiu 1,1%, a
46.625 pontos. No ano, o Ibovespa acumula queda de 24,6%. Já o dólar comercial
subiu 1,1% a R$ 3,6271 na venda, ao passo que o futuro para setembro tem alta
de 1,7% a R$ 3,646. O dólar comercial, até agosto, acumula alta de 33,6%.
Petróleo
Os preços do petróleo viraram para forte alta, apagando as
perdas de agosto, depois dos dados de produção de petróleo nos EUA, mostrando
uma queda na produção para 9,2 milhões de barris por dia (bpd) em junho, ante
9,4 milhões de bpd em maio e um pico de 9,6 milhões de bpd em abril. O petróleo
disparava 7,4%, atingindo os US$ 48,62. Além disso, a OPEP sinalizou sua
preocupação com a queda dos preços. Em documento publicado nesta segunda, o
grupo disse que está preocupado com a queda nos preços do petróleo e pronto
para conversar com outros produtores. "Como a Organização tem sublinhado
em diversas ocasiões, ela está pronta para conversar com todos os outros
produtores. Mas isso tem de ser em um campo de jogo nivelado. A Opep protegerá
os seus próprios interesses", relata o boletim mais recente da OPEP.
Tensão no mercado
No radar do mercado ainda estão rumores da possibilidade da
perda do grau de investimento e da saída do ministro Joaquim Levy do Ministério
da Fazenda. Do lado internacional, as bolsas caem antes de dados dos PMIs
(Índices Gerentes de Compras) de serviços e da indústria da China que sairão à
noite, além das expectativas conflitantes sobre aumento dos juros pelo Federal
Reserve. Além das notícias negativas no lado fiscal, uma nova instabilidade
surge dos rumores de que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini,
estaria com planos de deixar o cargo.
Destaques de ações
Os bancos recuaram em meio à piora do cenário macroeconômico
brasileiro. Caíram os papéis de Bradesco (BBDC3, R$ 25,17, -4,7%; BBDC4, R$
23,05, -4%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 26,55, -3,5%) e Banco do Brasil (BBAS3,
R$ 17,83, -5%). Juntas, as três ações respondem por mais de 20% da participação
da carteira teórica do Ibovespa. As empresas altamente endividadas e as
varejistas também sofreram com rumores de que o BC terá de dar continuidade na
alta da Selic em meio à escalada do dólar. No setor de consumo sofreram os
papéis das Lojas Renner (LREN3, R$ 98,52, -2,4%), Pão de Açúcar (PCAR4, R$
63,50, -1,1%) e Hypermarcas (HYPE3, R$ 16,47, -3,2%) – todas com queda superior
a 2%. A atividade sente na pele qualquer aumento de taxa de juros, que, aliado
a uma inflação elevada, tem roubado o poder de compra da população e provocado
queda nas vendas. No caso das concessionárias e empresas do setor de shoppings
center, que operam altamente alavancadas, elas sentem pois o custo de suas dívidas
fica praticamente em linha com a taxa de retorno de seus investimentos.
O mercado temeu nesta seggunda que o BC precise elevar ainda mais a Selic. Segundo o economista-chefe da Kinea, Luis Fernando Horta, o ciclo de alta de juros tende a continuar, dado que o dólar deve ultrapassar os R$ 3,80. Ele, no entanto, não projeta uma elevação da Selic já na próxima reunião do Copom.
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