A consultoria IDC projeta que, em 2020, 44 zetabytes de dados serão produzidos pelos seres humanos – índice dez vezes maior que os 4,4 zetabytes de informações presentes no mundo em 2013 (um zetabyte é igual a 1 trilhão de gigabytes). Hoje, em média, uma família produz em um ano dados suficientes para preencher 65 smartphones de 32 GB de memória. Nessa conta, entra desde o vídeo da Galinha Pintadinha que a criança assiste até uma compra feita com cartão de crédito pelo computador. Até 2020, o volume médio de dados por família subirá para 318 smartphones, segundo cálculos da consultoria IDC. O fato é que o volume de dados se tornou grande demais para ficar confinado em salas refrigeradas dos grandes data centers. “Imagino que, na próxima década, não vai existir nenhuma empresa que não use Big Data, não vai ser concebível. Quem usar de maneira eficiente vai se sair melhor, vai ser um diferencial competitivo”, antevê Karin Breitman, diretora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da EMC², companhia especializada em computação em nuvem – serviço que foi concebido em função do tsunami de dados que engolfa as empresas.
Tendo em vista o crescimento acelerado de uso de novas tecnologias, resultado de uma confluência de conceitos como Inteligência Artificial, Computação em Nuvem, Big Data e, especialmente, a chamada Internet das Coisas (Internet of Things), o Instituto AMANHÃ publicou uma série de oito fascículos sob o título Cenários de AMANHÃ – Rio Grande em Rede, que buscou refletir como esta nova escalada das estruturas em rede interliga grandes sistemas e equipamentos a pessoas e serviços, transformando empresas e negócios, além de carreiras profissionais e a atuação de órgãos públicos. A produção do material contou com o apoio técnico do Gartner Group, empresa líder mundial em pesquisa e consultoria na área da tecnologia da informação, que forneceu relatórios e estudos para a equipe do projeto Cenários de AMANHÃ.
A série foi aberta mostrando casos de empresas gaúchas que começaram a abrir as portas para a era da Indústria 4.0, conceito que prevê a descentralização do controle dos processos produtivos industriais. Na Celulose Riograndense, em Guaíba, a automação tomou conta de praticamente todo o sistema de controle de produção. No fascículo seguinte, Rio Grande em Rede mergulhou a fundo para mostrar como novas estratégias, baseadas na coleta e análise de imensos volumes de dados, começam a revolucionar o modo de tomar decisões e fazer negócios.
A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) acolheu o primeiro de três debates. Executivos de companhias da Serra Gaúcha e região, além de profissionais de TI e professores, discutiram como a tecnologia atingirá as relações de vida e trabalho. “Vamos ter de mudar a cultura das organizações. Se posso fazer móvel, por que continuarei me deslocando até a empresa?”, provocou Alexandre Blauth, consultor associado ao Gartner para a América Latina. As conclusões do evento foram publicadas no terceiro fascículo. Novo Hamburgo sediou a segunda plenária, que discutiu o que existe de mais inovador no tema Cidades Inteligentes ao redor do mundo – e quais desafios ainda dificultam a otimização dos centros urbanos. Desta vez, o palco foi a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha (ACI) que acolheu os representantes de governo, iniciativa privada e universidades. As principais ideias também ganharam um caderno próprio.
O quinto fascículo provou como novas tecnologias vão diminuir a burocracia, tornar os processos mais ágeis e aumentar a participação da população nas decisões. No capítulo que tratou dos “governos digitais”, Rio Grande em Rede mostrou que a TI colocará a administração pública em uma nova era, marcada pela interação cada vez maior entre o Estado e o cidadão. Devido ao tamanho e ao engessamento das máquinas estadual e federal, a implementação da governança 2.0 tende a fluir melhor nos municípios. Porém, para que ocorra uma verdadeira modernização no campo público, será preciso investir. “A maneira mais rápida de avançar é ter uma política de investimento constante. Se não investirmos, vamos continuar perdendo cérebros e desqualificando nossa indústria, que carece de inovação”, alertou Cleber Prodanov, pró-reitor de Inovação da Feevale.
O agronegócio foi o foco central da publicação seguinte. No caderno foram apresentadas soluções como a tecnologia de precisão que permite que erros outrora detectados só após o plantio possam ser corrigidos na hora. O penúltimo fascículo exibiu como a inteligência artificial também tem revolucionado o modo de gerir pessoas. A tecnologia, é claro, não substituirá o olho no olho, mas será especialmente útil em aspectos como mapeamento de competências e de necessidades de treinamento ou avaliação de desempenho.
Com a realização do fórum Inteligência Artificial: a Nova Fronteira, realizado no auditório da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs), em Porto Alegre, a série de fascículos chegou ao fim. Na ocasião, os convidados puderam assistir as apresentações dos cases de uso de tecnologia da Procergs, da fabricante de máquinas agrícolas Stara, de Não-Me-Toque, e do Grupo RBS. Em seguida, todos puderam opinar sobre diversos fatores que, em sua visão, serão mais importantes para o futuro do Rio Grande do Sul no campo tecnológico.